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Mostrando postagens de 2016

Meu querido Fred - para Mila

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“É preciso estar firmemente assentado em si , é preciso sustentar-se bravamente sobre as duas pernas, caso contrário não se pode absolutamente amar.” (*) A frase é de autoria do filósofo que disse sim à vida: Friedrich Wilhelm Nietzsche. Ele nasceu em Roecken, na Saxônia, no dia 15 de outubro de 1844. Morreu em 1900, no dia 25 de agosto.  No enterro, o amigo Peter Gast disse: "Sagrado seja teu nome para todas as gerações vindouras". Sim, sim, sim. ECCE HOMO  - como alguém se torna o que é ,  autobiografia que Nietzsche escreveu algumas semanas antes de sofrer um colapso nervoso que o fez perder completamente a razão. Tinha acabado de completar 44 anos de idade e resolveu fazer um balanço da vida: “Sou um discípulo do filósofo Dionísio, preferiria antes ser um sátiro a ser um santo.” (p.17) "Quem sabe respirar o ar de meus escritos sabe que é um ar das alturas, um ar forte . É preciso ser feito para ele, senão há o perigo nada pequeno de se resfriar. O

Pegue para você o que lhe pertence

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" Juro por Deus que se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia - será punida e irá para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não será punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo aquilo que sua vida exige. Parece uma moral amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistindo de si mesma. Espero em Deus que você acredite em mim. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Isso seria uma lição para você. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade de alma. " =  Clarice Lispector em carta à irmã Tania Kaufmann: Berna, 2 de janeiro de 1947. In Clarice Fotobiografia , de Nádia Batella Gotlib, p. 232.  

Tome esta canção como um beijo

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Esta canção , Menino Do Rio (Caetano Veloso/ Baby Consuelo), lembra meu irmão Mário,  exceto pelo  dragão tatuado no braço. P orque ele nunca foi de pintar coisas na pele. Pelo menos   por vontade própria. Impressas estão somente as cicatrizes que a vida o obrigou a  ter –  me lembro de um   acidente de moto em que você  fraturou a clavícula...  Você é um menino do rio, Mário. Do rio São Francisco. Primeiro em Cabrobó. Depois,  Petrolina.  Duas cidades, o mesmo São Francisco.   Quero que saiba que você é mais do que meu irmão. Você é meu porto, meu barco,  meu esteio, meu sustentáculo, meu arrimo, meu jardim. Irmão meu, menino do rio que lava alegrias,  também tristezas. Do rio que leva alegrias, também tristezas. Para o nosso bem.  Te amo , Mário!

O piloto e o Beatle

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O Beatle George Harrison homenageou o piloto Emerson Fittipaldi, quando o brasileiro tinha acabado de sofrer um acidente grave na Fórmula Indy. GH fez uma letra improvisada tendo como base  Here comes the sun. Harrison chama, carinhosamente, Fittipaldi de Emmo, já   que o conhecia pessoalmente. Preste atenção no jeito que George Harrison pronuncia caipirinha.  Nas duas vezes em que ele pronuncia caipirinha:

Bárbaro. Do latim, barbarus

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  |   Lancei o meu grito bárbaro sobre os telhados do mundo.  | A  origem onomatopaica da palavra bárbaro “começou por ser uma imitação dos ruídos bizarros  produzidos por uma língua estrangeira incompreensível, mas nada do significado e da motivação  originais permanece no inglês brave , francês brave , alemão brav etc., que, com todas as  possibilidades, derivam da palavra latina; não estará afastado do primitivo o efeito da  < barbarous dissonance > de Milton (* Paradise Lost , Livro VII, v. 32) ou no verso de Walt Whitman:   < I sound my barbaric yawp over the roofs of the world > (* Song of Myself ) ULLMANN, Stephen. Semântica: uma Introdução à Ciência do Significado. Tradução de J. A. Osório Mateus do original SEMANTICS – an Introducction to the Science of Meaning . Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa: 2a edição, 1964, p. 198  = = = 

Só os felizes entenderão - esse capítulo vai para Déa

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- Mãe, preciso reanimar o Buzz Lightyear. - Como assim? - Preciso de chaves de fenda pois ele não funciona mais. - Ah... - Reanimar é a palavra mais científica que eu achei. Fora a palavra “científica”, né?  :)

Da mentira verdadeira

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 Paul Klee: Senecio, 1922: Kunstmuseum | Também não sabia no que dá mentir. Comecei a mentir por precaução, e ninguém me avisou do perigo de ser precavida, e depois a mentira nunca mais descolou de mim. E tanto menti que comecei a mentir até a minha própria mentira. E isso - já atordoada eu sentia - era dizer a verdade. Até que decaí tanto que a mentira eu a dizia crua, simples, curta, eu dizia a verdade bruta. | = Clarice Lispector ==  Para não esquecer: Editora Siciliano, 1992, p. 38
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Gustave Caillebotte: La place de l´Europe en Paris, bajo de la lluvia, 1877: The Art Institute of Chicago | Tanta coisa que então eu não sabia. Nunca tinham me falado, por exemplo, deste sol das três horas. Também não me tinham falado deste ritmo tão seco , desta martelada de poeira. Que doeria, tinham me dito. Mas que o passarinho que vem para minha esperança do horizonte abra asas de águia sobre mim, isso eu não sabia. Não sabia o que é ser sombreada por grandes asas abertas, um bico de águia inclinado rindo. Quando nos álbuns de adolescente eu respondia com orgulho que não acreditava no amor, era então que eu mais amava. | =  Clarice Lispector:  Para não esquecer: Editora Siciliano, 1992, p. 38
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Drawing by Tom Azevedo Alivia a minha alma, faze com que eu sinta que Tua mão está dada à minha, faze com que eu sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na eternidade, faze com que eu sinta que amar não é morrer, que a entrega de si mesmo não significa a morte, faze com que eu sinta uma alegria modesta e diária, faze com que eu não Te indague demais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta. Abençoa-me para que eu viva com alegria o pão que eu como, o sono que durmo, faze com que eu tenha caridade por mim mesma pois senão não poderei sentir que Deus me amou, faze com que eu perca o pudor de desejar que na hora de minha morte haja uma mão humana amada para apertar a minha, amém. Clarice Lispector: Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres.
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Clarice de mau-humor

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"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem,  ou estão vivas com charlatanismo. E criaram o Dia dos Analfabetos.  Só li a manchete, recusei-me a ler o texto do mundo, as manchetes já me  deixam em cólera." Clarice Lispector. A Descoberta do Mundo, trecho de crônica publicada no Jornal do Brasil em 14 de outubro de 1967. 

A Antonia

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" 'Persona'. Lóri tinha pouca memória, não sabia por isso se era no antigo teatro grego ou romano que os atores, antes de entrarem em cena, pregavam ao rosto uma máscara que representava pela expressão o que o papel de cada um iria exprimir. Lóri bem sabia que uma das qualidades do ator estava nas mutações sensíveis do rosto, e que a máscara as esconderia. Por que então lhe agradava tanto a ideia de atores entrarem no palco sem rosto próprio? Quem sabe, ela achava que a máscara era um dar-se tão importante  quanto o dar-se pela dor do rosto."  = Clarice Lispector. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 

Intacta retina: 07/08/16

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                                                                                              Drawing by Tom Azevedo "Existirmos , a que será que se destina?" Essa pergunta é o início de Cajuína, canção do aniversariante Caetano Veloso .  Posso afirmar, sem medo de errar, que Caetano teve uma infância feliz. Consigo imaginá-lo menino, magrinho e risonho, correndo e brincando muuuuuuuuuito pelas ruas de Santo Amaro, na Bahia.  Será que os reluzentes primeiros anos de Caetano nesse planeta pavimentaram a trajetória dele? Não sei e só tenho a agradecer tantas obras-primas que coloriram a minha infan cência , adoles cência e "adultec ência ".   Tive mesmo que fundar esses neologismos. Há que existir ess ência nas etapas que um ser humano vive. Lorena , a outra aniversariante deste 7 de agosto de 2016 dia , minha jovem amiga, com absoluta certeza também teve uma infância plena de felicidade. Tenho certeza também de que ela constrói uma estrada linda ness

Olimpíadas 2016, vou me ufanar: viva o povo brasileiro!

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                                                                                                    Drawing by Tom Azevedo Eita que a gente tava mesmo precisado de umas ondas de otimismo. Pois   eu me banhei no mar do Rio de Janeiro na abertura das Olimpíadas.   Confesso, chorei! Sou mole pra chorar? Manteiga derretida? Talvez.  Mas é que eu realmente me orgulhei ao assistir pela televisão junto ao meu filho Antonio,   que tem 10 anos de idade - ele se animou tanto, achou tudo tão bonito que acordou cedo hoje e já foi acompanhar os jogos olímpicos. Tá assistindo tudo. Quando Antonio  viu no palco a representação dos índios, os donos do Brasil; os portugueses, os invasores do Brasil; a escravização dos africanos; a vinda de outros povos; ele disse: - Mãe, pra saber a história do Brasil, é só assistir essa abertura, né?  Que coisa mais linda o Hino Nacional entoado por Paulinho da Viola.  Não à toa a presença da brava Elza Soares, guerreira, resistente, apesar de enfre

Minha defesa é escrever

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"É. Parece que estou mudando de modo de escrever. Mas acontece que só escrevo o que quero, não sou um profissional - e é preciso falar dessa nordestina senão sufoco. Ela me acusa e o meio de me defender é escrever sobre ela. Escrevo em traços vivos e ríspidos  de pintura. Estarei lidando com fatos como se fossem as  irremediáveis pedras de que falei. Embora queira que para me  animar sinos badalem enquanto adivinho a realidade. E que anjos  esvoacem em vespas transparentes em torno de minha cabeça  quente porque esta quer enfim se transformar em objeto-coisa, é  mais fácil." = Clarice Lispector. A hora da estrela. Francisco Alves Editora, p. 31, 17a. edição.

Nitimur in vetitum

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Temos tanta inveja dos artistas.  Os artistas se permitem.  Não há limites para a imaginação.  Sem medo de naufragar.  O naufrágio alimenta a busca.  Isso.  Todo artista busca.  O quê?  Não importa. "Nitimur in vetitum":   “Lancemo-nos ao proibido”! (Ovídio) = = =
"Sou tímida e ousada ao mesmo tempo", revela Clarice Lispetor ao jornalista Julio Lerner,  / Tv Cultura. Clarice pediu para exibir somente depois de sua morte, pedido cumprido pelo respeitável e digno jornalista. Primeira parte de três; d uração de 9´28":  Clarice Lispector na Tv Cultura

Lispector foi repórter do jornal "A noite"

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A escritora Clarice Lispector foi jornalista. E de carteirinha!

O dançarino hindu

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"O dançarino hindu faz gestos hieráticos, quadrados, e pára. É que parar por vários instantes também faz parte. É a dança do estatelamento: os movimentos imobilizam as coisas. O bailarino passa de uma imobilidade a outra, dando-me tempo para estupefação. E muitas vezes sua imobilidade súbita é a ressonância do salto anterior: o ar parado contém todo o tremor do gesto. Ele agora está inteiramente parado. Existir se torna sagrado como se nós fôssemos apenas os executantes da vida." = Clarice Lispector: "Tentativas de descrever sutilezas", em A Descoberta do Mundo .

Troca

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"Mas de um momento para o outro, sem nenhum aviso, ela estremeceu delicadamente recolhendo de uma só vez os movimentos contidos nas coisas ao seu redor. Instantaneamente transmitia seus próprios movimentos para o exterior em mistura com a carga recebida. = Clarice Lispector: O Lustre, p. 26.

Definição

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"Dormir é abstrair-se e espraiar-se no nada." = Clarice Lispector. Água Viva, p. 96.  

Missa do Vaqueiro de Petrolina

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                                            26jun2016 A Missa do Vaqueiro em Petrolina é levada muito a sério. Uma festa realmente  bonita de ver. Vem gente de todos os  distritos próximos e até de cidades vizinhas. É uma festa para celebrar a fé dos vaqueiros,  que enfrentam tanta dificuldade pelo Sertão. Mas o que não falta é gente montada em cavalos - vaqueiros ou não - e, pasmem, monta- se até em touros! A foto acima foi tirada por Gerson Filho na manhã deste domingo, 26 de junho de 2016,  na avenida Cardoso de Sá, que   fica na Orla do nosso querido rio São Francisco. = = =

´Convulsão da linguagem´

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"Este texto que te dou não é para ser visto de perto: ganha sua secreta redondez antes invisível quando é  visto de um avião de um avião em alto vôo. Então adivinha-se o jogo das ilhas e vêem-se canais e mares.  Entende-me: escrevo uma onomatopéia, convulsão da linguagem. Transmito-te não uma história mas apenas  palavras que vivem do som. Digo-te assim: "Tronco luxurioso". E banho-me nele. " = Clarice Lispector. Água Viva, p. 31. = = = 

Vivida e mais que vívida

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"Quem me acompanha que me acompanhe:  a caminhada é longa, é sofrida mas é vivida. Porque agora te falo a sério:  não estou brincando com palavras. Encarno-me nas frases voluptuosas e ininteligíveis que se enovelam para além das palavras. E um silêncio se enovela sutil do entrechoque das frases." = = Clarice Lispector em Água Viva, p. 25. = Drawing by Tom Azevedo
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| De novo estou de amor alegre. O que és eu respiro depressa sorvendo o teu halo de maravilha antes  que se finde no evaporado do ar. Minha fresca vontade de viver-me e de viver-te é a tessitura mesma  da vida? | = Clarice Lispector em Água Viva, p.79. 

Thanks, Benjamin Moser, por reunir os contos de Clarice

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                                                                                                    Photo by Nádia Gonzaga Capa de "Clarice: Todos os Contos", organizado pelo biógrafo Benjamin Moser "Como entender-me? Porque de início aquela cega integração? E depois, a quase alegria da  libertação? De que matéria sou feita onde se entrelaçam mas não se fundem os  elementos e a base de mil outras vidas? Sigo todos os caminhos e nenhum deles é ainda o  meu. Fui moldada em tantas estátuas e não me imobilizei... " === Clarice Lispector no conto `Obsessão´. "Todos os contos", p. 63. Prefácio e organização de Benjamin Moser. Editora Rocco, 2016.
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Pablo Picasso: Joven delante de un espejo, 1932.  "Talvez eu agora soubesse que eu mesma jamais estaria à altura da vida. Eu não alcançaria jamais a minha raiz, mas minha raiz existia. Timidamente eu me deixava transpassar por uma doçura que me encabulava sem me constranger. Oh, Deus, eu me sentia batizada pelo mundo." Clarice Lispector: A paixão segundo G.H. | p ágina 182
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Fernand Khnopff, 1891: “I lock my door upon myself.” "Os fatos são sonoros mas entre os fatos há um sussurro. É o sussurro o que me impressiona." =  Clarice Lispector: A hora da estrela = = 
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Lucio Fontana: Concepto espacial, Attese, 1959  “Como profissão eu queria ser a pessoa que faz badalarem os sinos (sem ser para chamar fiel nenhum). Com que alegria eu próprio estremeceria às vibrações translúcidas, potentes e ecoantes em pleno ar de vida: vigorosas badaladas extasiantes. É um som mais esplendoroso ainda que Bach.” = Clarice Lispector em Um sopro de vida (pulsações), p. 83 = = 

Jardins e prisões

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Reto Roth, torto Roth, um norte-americano que conhece bem algumas feridas da nação a que pertence, como o racismo, o puritanismo, o moralismo e as consequências da Guerra do Vietnã impressas no cidadão que realmente combateu. Philip Roth escreve sobre prisões que a mente cria. Também sobre os jardins que essa mesma mente cria em “A marca humana”:  “Nada dura, e no entanto nada passa, tampouco. E nada passa justamente porque nada dura.”  “Por que, a uma certa altura da vida, nossa desconfiança se torna tão refinada que já não conseguimos acreditar em ninguém? Sem dúvida, se dois anos antes ele permanecera calado em vez de se levantar em defesa de Coleman, fora pelo motivo que sempre leva as pessoas a se calar: porque é de seu interesse calar.” “... elimine todas as outras ideias, não deixe mais nada interferir, mergulhe na coisa, no assunto, na disputa – o que quer que você tenha que enfrentar – e se transforme nessa coisa.”

Quem és tu que me lês?

"Não devo esquecer a modéstia franciscana da doçura de um passarinho. Dizei coisas maravilhosas ah vós que quereis escrever a vida por mais longa e curta. É uma maldita profissão que não dá descanso. Não sei se é o sonho que me faz escrever ou se o sonho é o resultado de um sonho que vem de escrever. Estamos nós plenos ou ocos? Quem és tu que me lês? És o meu segredo ou sou eu o teu segredo?" = Clarice Lispector. Um sopro de vida, p. 79.
" _  (Eu te amo) _ (É isso então o que sou?) _ (Você é o amor que eu tenho por você) _ (Sinto que vou me reconhecer... estou quase me vendo. Falta tão pouco) _ (Eu te amo) _ (Ah, agora sim. Estou me vendo. Esta sou eu, então. Que retrato de corpo inteiro) " Clarice Lispector. Para não esquecer, editora Siciliano, 1992, p. 45

Simplesmente podia

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"Ela tinha um sobrenome a preservar: era Carla de Sousa e Santos. Eram importantes o  “de” e o “e”: marcavam classe e quatrocentos anos de carioca. Vivia nas manadas de  mulheres e homens que, sim, que simplesmente “podiam”. Podiam o quê? Ora,  simplesmente podia." Em "A bela e a fera", Francisco Alves editora, 4ª edição, p.106.

Eu sou essencialmente uma contraditória

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Ronald B. Kitaj: valor, precio y beneficio, 1963 "Eu sou essencialmente uma contraditória. O sereno grafismo abstrato.  A banalidade como tema. Oh como aspirava uma lânguida vida. Árvore distorcida: bruxaria." = Um Sopro de Vida (Pulsações). Francisco Alves Editora, 9ª edição, 1991, p. 159  = = = 
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Andy Warhol: do it yourself, 1962 "Estou tão ampla. Sou coerente: meu cântico é profundo. Devagar. Mas crescendo. Está crescendo mais ainda. Se crescer muito vira lua cheia e silêncio, e fantasmagórico chão lunar. À espreita do tempo que pára. O que te escrevo é sério. Vai virar duro objeto imperecível. O que vem é imprevisto. Para ser inutilmente sincera devo dizer que agora são seis e quinze da manhã." (Clarice Lispector: Água Viva, Francisco Alves editora, 1990, p. 49)

Huuuuuuuuuuuum

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Martin Kippenberger: El regreso de la madre muerta com nuevos problemas, 1984   "Eu vos pergunto: - Qual é o peso da luz?" == Clarice Lispector. A hora da estrela, p. 106, Francisco Alves Editora. 1990.

Quem me constrói

Clarice Lispector foi quem mais eu li. Magistral no conto; inteira nos romances; leve nas crônicas. Sou apaixonada por tudo o que ela nos deixou.  Virginia Woolf é a segunda pessoa que mais leio... Depois vieram Drummond, sempre demasiado humano. Manuel Bandeira me comove. Os contos de Katherine Mansfield me transportam. ... gosto das crônicas de Eduardo Galeano, que sabe delicadamente esquadrinhar a América Latina.  Paul Auster, um passeio pelo acaso e pela celebração da vida.  E por último, mas não o último, Nietzsche, esse abismo azul e contraditório.

Paulo Leminski

São Não  não são são não rogai por nós para que não sejamos senão | São Não: Paulo Leminski. Em “Paulo Leminski, o bandido que sabia latim”, de Toninho Vaz, p. 363, editora Record, 2001 |