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Mostrando postagens de 2017

Arquiteto Carlos Nascimento (in memoriam) será homenageado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo

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                      foto: acervo família Nascimento Passos O arquiteto Carlos Nascimento dedicou a vida a planejar Petrolina O Conselho de Arquitetura e Urbanismo vai realizar hoje (20) uma solenidade de homenagem aos arquitetos que tiveram atuação destacada na história de Pernambuco. Para quem vive em Petrolina, é mais do que merecida a celebração ao arquiteto Carlos Nascimento (in memoriam): “o grande legado de Nascimento é que ele instrumentalizou o planejamento urbano, com a definição das principais avenidas e bairros que ainda iriam surgir”, explica o arquiteto Cosme Cavalcanti.  Wandenkolk Tinoco também, justamente, está entre os homenageados. Formado na Faculdade de Belas Artes do Recife em 1958, inicia a carreira em meio à inauguração de um novo jeito de morar, o verticalizado: “Nós do Nordeste convivemos bem com os espaços ajardinados e os quintais. Gostamos do cheiro da terra.” É autor do edifício-referência, Villa da Praia, localizado em Boa Viagem.

Fernanda Montenegro, como vai? Espero que bem!

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... assisti a três peças suas: The Flash and the Crash Days, Dona Doida e Dias Felizes. Eu trabalhava no Acontece, quando ainda era um caderno dentro da Ilustrada, da Folha de S.Paulo. A melhor coisa da função era que a gente ganhava ingresso para assistir aos espetáculos. Quando o assessor de imprensa era bem gente com a gente, ele descolava um encontro como o que tivemos. Eu e meu amor tivemos a honra de conhecer você em São Paulo com Dias felizes. Fernanda, nós conversamos por pouco tempo. Lembro que pedi a você que me falasse sobre uma doce obsessão, Clarice Lispector. Eu disse: - Me fala sobre a crônica que Clarice publicou no Jornal do Brasil, com uma carta sua, no auge da ditadura militar. Você abriu um sorrisão e me contou um pouquinho, o tempo era escasso, você ia sair com seu marido, Fernando Torres, para jantar e estava exausta depois da peça, claro. Obrigada por ter nos recebido. Obrigada por existir, por você ser essa Atriz (com letra maiús

Picasso, suspeito de roubar a Monalisa

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Num tô brincando não. Picasso, que foi batizado como Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso - foi tido como suspeito de roubar a Monalisa. A tela de Leonardo da Vinci foi levada em 21 de agosto de 1911 do Museu do Louvre por Vincenzo Peruggia, italiano que foi funcionário do Louvre e que tinha instalado pessoalmente a porta de vidro que protegia a obra-prima.  La Joconde, A Gioconda, como os franceses chamam a Mon lisa,  só foi recuperada em 10 de dezembro de 1913, quando Peruggia foi preso ao entregar a obra a um vendedor de antiguidades em Florença, Itália. Noah Charney, autor do livro Os roubos da Monalisa, escreveu que esse foi o primeiro delito contra a propriedade a receber a atenção da mídia internacional. Só a partir do roubo que a Monalisa virou sucesso mundial, pois sua foto foi estampada em tudo quanto é canto e em todos os meios disponíveis na época:  noticiários cinematográficos

A grande despedida

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Edvard Munch: separation Hipérbole. Parábola.  Quem escreve, às vezes esquece que não são apenas figuras de linguagem. São figuras geométricas. Não é de figura geométrica que quero falar e sim sobre despedidas. Hamlet chorando a partida de Ofélia: Que atirem Montões sem fim de terra sobre nós, até que o chão, Chamuscando a sua cabeça na zona ardente, Torne o Ossa uma verruga! (*) (**) Ferreira Gullar quando soube da morte de Clarice Lispector: Enquanto te enterravam no cemitério judeu do Caju (e o clarão de teu olhar soterrado resistindo ainda) o táxi corria comigo à borda da Lagoa na direção de Botafogo as pedras e as nuvens e as árvores no vento mostravam alegremente que não dependem de nós. (***) W.H. Auden no filme Quatro casamentos e um funeral : Parem todos os relógios, desliguem o telefone, Evitem o latido do cão com um osso suculento, Silenciem os pianos e com tambores lentos Tragam o caixão, deixem que o luto chore.

o beijo

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Vivo apenas pra me arrepiar. Vou te dar aquele beijo que começa roçando gentilmente nossos lábios.  Sorvo toda a sua saliva, que é toda a saliva do universo. Hora de recomeçar.  | Petrolina, 17 de novembro de 2017 | ... o beijo: Gustav Klimt

Pode-se aplicar a muitas coisas

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| A surpresa de ver que o pintor começa por não recear inclusive a simetria.  É preciso experiência ou coragem para revalorizá-la, quando facilmente se pode imitar o "falso assimétrico", uma das originalidades mais comuns. A simetria é concentrada, conseguida. Mas não dogmática. É também hesitante, como a dos que passaram pela esperança de que duas assimetrias encontrar-se-ão na simetria. Esta como solução terceira: a síntese. Daí talvez o ar despojado, a delicadeza de coisa vivida e depois revivida, e não um certo arrojo dos que não sabem. Não é propriamente tranquilidade o que está ali. Há uma dura luta de coisa que apesar de corroída se mantém de pé, e nas cores mais densas há uma lividez daquilo que mesmo torto está de pé. | = LISPECTOR, Clarice. Para Não Esquecer, p. 5,  Editora Siciliano, São Paulo, 1992

É casa, é jardim

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É casa, é jardim 18 de outubro de 2017, minha mãe, dona Duzinha, faz 82 anos de vida! São tantas as obras que a senhora realizou. E agora, quer dar concretitude ao sonho de edificar a Vila das Margaridas, uma casa-jardim para abrigar os idosos que não podem mais moram nas suas residências por motivos diversos. Idosos que  precisam de muitos cuidados ao fim das suas trajetórias neste planeta. A senhora sempre auxiliou os outros e às vezes eu me ressentia devido ao pouco tempo que restava depois das suas horas de trabalho como revendedora da Avon e da Christian Grey. A senhora andava pelas ruas de Petrolina e Juazeiro com uma sacola pesada, entregando as encomendas. Eram desodorantes, colônias, hidratantes. Vem daí o seu hábito de presentar tanta gente com o sabonete Alma de Flores? :)  A senhora que gosta tanto de começar os textos das campanhas de arrecadação de alimentos com a frase "Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser gene

As luzes de Virginia Woolf

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Muito se fala e bastante também se redige sobre a melancolia na obra de Virginia Woolf, esquecendo-se de mencionar que VW também era capaz de escrever de um jeito bem humorado. Exemplos dessa escrita luminosa de Woolf podem facilmente ser encontrados em Flush, memórias de um cão (título original: Flush ), publicado em outubro de 1933.  Virginia se inspirou na correspondência entre os poetas Robert Browning (1812-1889) e Elizabeth Barret (1806-1861). As missivas fizeram Woolf se apaixonar pelo Cocker Spaniel. Jornalista que foi, VW começa a obra com um breve relato histórico a origem da raça canina. Em carta à amiga Ottoline Morrel, a autora contou que "Flush é apenas uma brincadeira. Eu estava tão cansada após As Ondas que deitei no jardim e li as cartas de amor dos Brownings, e a imagem do cachorro deles me fez rir tanto que não pude deixar de dar-lhe vida".  Olha só um trecho do saboroso Flush, Memórias de um Cão :  "Quando se sai de Wimpole Street

Posso morrer de sede diante de mim

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" - Você sempre me deixou só. - Não... - assustou-se ela. - É que tudo o que eu tenho não se pode dar. Nem tomar. Eu mesma posso morrer de sede diante de mim. A solidão está misturada à minha essência..." Clarice Lispector: Perto do Coração Selvagem, p. 199
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Iguana às margens do São Francisco, em Petrolina-PE. Foto de Antônio Neto Eu, Nádia Gonzaga, cidadã brasileira, aceito o chamado do Blog de Carlos Britto e do Blog de Edenevaldo Alves, em defesa do nosso rio São Francisco. Não quero ser espectadora da morte do Velho Chico, que começou a ser anunciada com as obras da transposição, enganosamente batizada pelos donos do poder de integração das águas.  Não acho que trazer as águas do Tocantins vai adiantar. Mas a gente não precisa de "acho" nessa batalha para salvar o São Francisco. Os biólogos, os agrônomos, os engenheiros florestais, enfim, os que estudam o rio precisam se manifestar.  Lembremos de um fervoroso e fiel defensor do São Francisco, frei Dom Luiz Flávio Cappio, que chamou a atenção do Brasil e do mundo ao fazer greve de fome. Ele fez um sacrifício individual em nome do coletivo. Isso ocorreu na minha cidade natal, Cabrobó. Olha só, em setembro de 2005. Me orgulho de ter sido uma das primeiras jo

Gabriel, Miguel, Drummond e Chico

Me deu vontade de escrever sobre anjos. Vontade essa que foi crescendo à medida em que fiquei curiosa a respeito da hierarquia desses seres. Nessa crônica minha, vão entrar Clarice Lispector , é claro; meus sobrinhos-netos  Gabriel e Miguel ; também Carlos Drummond de Andrade , Chico Buarque , Virginia Woolf e Anne Rice . Sim, eu nunca pensei que eu teria sobrinhos-netos e que eu poderia ser tão próxima deles. Quando eu lia na biografia de alguém, por exemplo, fulana foi sobrinha neta de Katherine Mansfield eu pensava: sim, caramba e daí? Bom, acabei descobrindo que se houver proximidade na família, se você realmente for uma pessoa próxima do seu irmão ou da sua irmã, os filhos dos filhos deles serão seus sobrinhos-netos e, pasme, você será muito colada a eles. Maravilha. Voltando aos anjos. Existem anjos e arcanjos. Arcanjos mandam muito. Mandam nos anjos. Mas quem nós chamamos para nos proteger? Nesse lance angelical de que estou falando, também há os querubins e os

Há pessoas que são Pessoas

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Há pessoas que não são pessoas.   São pessoas tão pessoas, tão plenas, tão cheias que não cabem em si mesmas. T-r-a-n-s-b-o-r-d-a-m. Não há represa que as contenham.  Elas não chegam. Inundam.  Há pessoas que não são pessoas. São Pessoas.  São acontecimentos. < 13 do oito de 2017 > = = 
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Living is a red smile | Não havia um gesto sequer que pudesse exprimir nova realidade. E, no meio dessa riqueza, estava Lucrécia Correia despenteada em “robe de chambre”, sem conseguir reinar sobre o tesouro, mal adivinhando até onde ia o magnífico porão. Perdera agora certos cuidados consigo, intensamente feliz, arrastando-se, espiando, tentando inventariar o novo mundo (...) Parecia enfim não ter tempo para nada, como as pessoas. |  = Clarice Lispector n` A Cidade Sitiada , p. 109 = = Drawing by Tom Azevedo: living is a red smile

Milisa

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| O que eu sinto eu não ajo. O que ajo não penso. O que penso não sinto. Do que sei sou ignorante. O que sinto não ignoro. Não me entendo e ajo como se me entendesse. | = Clarice Lispector n´A Descoberta do Mundo, p. 506 = = Arte on photo by NgC.  

O tecer das horas e o bordar das pétalas

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                                                                                                                      Juliette Binoche em cena do filme A liberdade é azul , de Krzysztof Kieslowski  A tecedora das horas seria o título de uma crônica que versaria, pra variar, sobre um trecho da obra de Clarice Lispector, minha mais doce obsessão. O título se referiria a um fragmento do livro de CL, Um Sopro de Vida (Pulsações) . O ato de tecer é mencionado quando o narrador diz que a personagem Angela Pralini não se satisfaz em escrever crônica para um jornal. Antes de começar a escrever minha crônica para o blog, deparo-me com um texto de uma quase xará de Clarice, a também escritora Clarissa Loureiro, que inicia seu poema sobre a necessidade de bordar: “É preciso aprender a bordar antes de morrer. Sim, é preciso.” Alguns chamariam de coincidência o fato de Clarissa começar o poema com o ato de bordar, que tem muito a ver com o ato de tecer. Em vez de coincidência, pr
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My eyes are my eyes: Tony Tornadoo, 2018 "Ele é grande, tem ombros largos, anda um pouco curvo: isto passa, é o peso da adolescência. Ele é lento, ele é profundo, ele semeia devagar. (...) Ele é desastrado, quebra coisas sem querer, pede desculpas com um meio sorriso assustado. É preciso ter paciência com os que são grandes como ele. Tanta paciência. Porque ele pode vir a ser esse silencioso desastrado a vida toda e não vai passar disso. É um dos tipos de adolescência mais perigosos: aquele em que muito cedo já se é um homem um pouco curvo, e também nele se sente a grandeza sem palavras." = Clarice Lispector: A Descoberta do Mundo, p. 504, Francisco Alves Editora, 3a edição, 1992. = = = 
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Mãe, obrigada por nunca ter tentado substituir papai, até porque cada um de nós é insubstituível. Na falta dele, a senhora sempre fez o melhor. Viúva, dez filhos pra criar. És muito mais que uma mãe. És uma muralha. Uma muralha de amor. Te amo por tudo o que és, por tudo o que fostes, por tudo o que serás. Te amo de amor!

O Sol é para Todos ou To Kill a Mockingbird: Harper Lee

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“Essas pessoas certamente têm o direito de pensar assim, e têm todo o direito de ter sua opinião respeitada – considerou Atticus. – Mas antes de ser obrigado a viver com os outros, tenho de conviver comigo mesmo. A única coisa que não se deve curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa”. O trecho acima é do livro O Sol é para Todos , de Harper Lee, norte-americana que fez um retrato cru e, ao mesmo tempo delicado das relações entre negros e brancos nos Estados Unidos. É mais do que um livro sobre tribunais. É também sobre os sabores e dissabores da infância. Como pode ser assustadora essa fase da vida. E maravilhosa.  Nascida no estado do Alabama, Lee foi funcionária de empresas aéreas quando morou em Nova Iorque e teve contribuição fundamental no livro-reportagem A sangue frio ( In cold blood ), de Truman Capote, publicado em 1966.    Nelle Harper Lee preferiu viver afastada dos holofotes da fama e morava reclusa na companhia dos livros que tanto a

Sonhos famintos: leitura do conto A Cadeira de Balanço, de Clarissa Loureiro

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Parece ter sido feito pra se ler em voz alta, sentada na velha e confortável cadeira de balanço da minha vó Toinha. Leitora, sento-me num divã em que falo sobre a presença ou ausência do meu pai na minha vida.  A personagem de Clarissa Loureiro, que não tem nome, está exausta depois de um dia pleno de atividades. Coisa que ela faz todo dia, enche-se de trabalho e no fim do dia, em vez de dormir, desmaia de tanto cansaço acumulado.   A exemplo de Ana, em Amor , conto de Clarice Lispector, a personagem de Clarissa Loureiro tenta apagar a flama do dia, não para finalizar sua história, mas para preparar o início de um sonho que vai ter naquela noite. O que deverá ser revelado não pode possuir rédeas, acontece no inconsciente da personagem “seduzida pelo som de sereia que afundou o meu passado no mais profundo inconsciente noturno”. Ego, Superego e Id empreendem uma batalha que é narrada numa atmosfera onírica que se inicia em “O relógio do meu pai ecoa e a velha cadeira de ba

Errare humanum est

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                                                                                                                                   Photo  by Julia Margaret Cameron Foto de Julia Margaret Cameron, 1872. A modelo: Rachel Gurney. O título: I wait Errar humanum est. Errar   é humano. Não se trata do verbo relacionado às besteiras que cometemos, e sim do errar, do vagar, do flanar, do caminhar. Interessante notar que o errar do dito popular se refira às merdas que fazemos no caminho. Porque a gente só comete erros se tentar. Errou ? Continue. Seja um errante. Tentar , lógico, implica buscar vários caminhos até encontrar o ideal, não necessariamente o mais fácil. Há algumas pessoas sortudas que encontram rapidinho seus caminhos. Outras, a maioria de nós, sofre pra achar. Porque primeiro, é preciso se achar, se descobrir. Pra depois buscar. Nessa jornada, necessário é olhar pra dentro da gente. Difícil quando há tanto pra ver do lado de fora. Uma forma de tentar se e

Quero o terreno

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Vou viajar aos confins de mim: drawing by Tom Azevedo "Não, não é que eu queira o sublime, nem as coisas que foram se tornando as palavras que me fazem dormir tranquila, mistura de perdão, de caridade vaga, nós que nos refugiamos no abstrato. O que eu quero é muito mais áspero e mais difícil: quero o terreno". Clarice Lispector no conto "Mineirinho".

Para minha irmã, Vera: radiante 2 de junho de 2017

Vera, minha irmã, você me deu meu primeiro modelo de letra cursiva para se imitar. Você me deu meu primeiro casaco marrom. Você me deu uma vassourinha que me devolveu a vida quando quase morri ao pegar sarampo. Você me deu deu três sobrinhos maravilhosos e, por enquanto, três sobrinhos netos fabulosos... Posso seguir dizendo ad infinitum tanta coisa que você me presenteou: substantivos concretos e abstratos e o que me acalenta a alma é a certeza do seu amor por mim. Te amo ao infinito e além! = = =

Sinto, logo escrevo

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"Escrevo do modo que escrevo porque é a maneira como foi concebido e não saberia dizer de outro modo. Não sou uma pessoa que possa relatar uma ideia passada. Não sei pôr no  papel uma coisa que não estou sentindo mais." = Clarice Lispector, frase encontrada na contracapa do livro “A escritura de Clarice Lispector”, de autoria de Olga de Sá.  

Definições de angústia

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"Angústia pode ser não ter esperança na esperança. Ou conformar-se sem se resignar. Ou não se confessar nem a si próprio. Ou não ser o que realmente se é, e nunca se é. Angústia pode ser o desamparo de estar vivo. Pode ser também não ter coragem de ter angústia – e a fuga é outra angústia. Mas angústia faz parte: o que é vivo, por ser vivo, se contrai." = Clarice Lispector n´ A Descoberta do Mundo , p. 473

E tenho a vida de meus mortos

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"Como é que ousaram dizer que eu mais vegeto que vivo?  Só porque levo uma vida um pouco retirada das luzes do palco. Logo eu, que vivo a vida no seu elemento puro. Tão em contato estou com o inefável. Respiro profundamente Deus. E vivo muitas vidas. Não quero enumerar quantas vidas dos outros eu vivo. Mas sinto-as todas, todas respirando. E tenho a vida de meus mortos. A eles dedico muita meditação. Estou em pleno coração do mistério." Clarice Lispector in A descoberta do mundo, p. 382 = Drawing by Tom Azevedo