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Mostrando postagens de agosto, 2013

Nietzsche, uma canção

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Ler Friedrich Nietzsche é como escutar música. Navego por entre as notas que me levam a labirintos azuis, vermelhos, cinzas e amarelos. Vida: a abundância e a escassez. O cheio e o vazio. O belo e o feio. Das aquisições literárias das férias de julho... ele, Friedrich Whilhelm Nietzsche: Aforismo número 45, intitulado "Em que nos tornamos artistas": "Quem faz de alguém seu ídolo, procura justificar-se ante si mesmo, elevando-o em ideal; nisso torna-se um artista, para ter boa consciência. Se sofre, não sofre por não saber , mas por enganar a si mesmo, como se não soubesse. - A miséria e delícia interior de uma tal pessoa - isso inclui todos os que amam apaixonadamente - não pode ser esvaziada com baldes comuns." (In "100 aforismos sobre o amor e a morte", Friedrich Nietzsche, Penguin & Companhia das Letras, 1a. ed., São Paulo, 2012; tradução, seleção e notas de Paulo César de Souza) --- Aforismo número 45, página 30, extraíd

Macabéa, mon amour

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Sou irremediavelmente uma apaixonada pela escritora Clarice Lispector e tenho me dedicado a reler a obra que dela possuo. Uma pessoa muito querida  me pediu emprestado o livro "A Hora da Estrela" e antes de entregá-lo, aproveito para relê-lo enquanto essa relíquia não é levada da minha humilde, porém amostrada e invocada biblioteca. Como é bom reler você, Clarice! Livro após livro,  o espanto seguido do espanto. Livro após livro, a emoção seguida da emoção e isso me faz pintar a minha estrada que se pretende doce e alegre pela maior parte da minha vida. Quando li "A hora..." em 1991, um presente de Flávio Assaife (in memorian), fiz um "x" delicado nas linhas que mais me tocaram na história da nordestina Macabéa. Seguem algumas: = Página 32  Será mesmo que a ação ultrapassa a palavra? = Página 33  Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados. = Página 45
"Contrariamente ao que crêem os chorões, todo o erro é uma propriedade que acresce o nosso haver. Em vez de chorar sobre ele, convém apressar-se em aproveitá-lo."    Frase atribuída ao filósofo espanhol Ortega Y Gasset no site de "O Pensador UOL". Então , quer dizer que o nosso acúmulo de erros pode ser usado, reciclado, ressurgir das cinzas e se transformar em algo? Gostei...

Um clássico da Música Popular Brasileira

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A rádio Eldorado FM , do grupo Estadão, selecionou 50 canções brasileiras pra que a gente escolha um clássico nacional. ... pense numa tarefa maravilhosa de realizar  :) Escolhi "Disparada", pela mensagem e porque eu nasci no Sertão pernambucano e me identifico com o tom de "desabafo" e de luta que Jair Rodrigues emprega à canção defendida no II Festival da MPB, em 1966, quando empatou com "A Banda", de Chico Buarque. ... e viva a MPB!  Qual é o maior clássico de todos os tempos? Olha o vídeo de "Disparada"...

... pra não dizer que não falei em tartarugas

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A personagem de Clarice Lispector no livro "Água Viva" faz uma teoria bem pessoal do nascimento do universo na página 60. "Estou pensando em tartarugas. Uma vez eu disse por pura intuição que a tartaruga era um animal dinossáurico. Depois é que vim ler que é mesmo. Eu tenho cada uma. Um dia vou pintar tartarugas. Elas me interessam muito. Todos os seres vivos, que não o homem, são um escândalo de maravilhamento: fomos modelados e sobrou muita matéria-prima - it - e formaram-se então os bichos. Para que uma tartaruga?  Talvez o título do que estou te escrevendo devesse ser um pouco assim e em forma interrogativa:  ´E as tartarugas?´ Você que me lê diria:  é verdade que há muito tempo não penso em tartarugas." (Clarice Lispector in "Água Viva", Francisco Alves Editora, Rio de Janeiro, 1990, 11a edição)

Prefeitura assegura apoio à Banda Filarmônica 21 de setembro

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"Pistões", obra de Tom Azevedo| pastel óleo sobre papel Sobre a Filarmônica 21 de Setembro, recebi e-mail da Assessoria de Comunicação ontem (8) à tarde, que encaminhou mensagem do secretário de Turismo e Cultura de Petrolina, Yuric Pires Martins; segue na íntegra: Prezada Nádia, De antemão, afirmo que a informação está equivocada. E muito pelo contrário, estamos fortalecendo a Filarmônica. Estou com agenda com a rede hoteleira assumida anteriormente mas montarei em conjunto com a comunicação um nota para desmentir essa informação. Muito grato pela sua compreensão. Iuric Pires Secretário de Turismo e Cultura Prefeitura Municipal de Petrolina   Eis minha  resposta ao secretário e para a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Petrolina: Obrigada , secretário Yuric Pires Martins e à equipe da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Petrolina. Agradeço pela resposta  positiva pois a Filarmônica é uma patrimônio muito valioso para ser des

Para não dizer que não falei em tartarugas

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A personagem criada por Clarice Lispector no livro "Água Viva" faz uma teoria pessoal do nascimento do universo na página sessenta: "Estou pensando em tartarugas. Uma vez eu disse por pura intuição que a tartaruga era um animal dinossáurico. Depois é que vim ler que é mesmo. Eu tenho cada uma. Um dia vou pintar tartarugas. Elas me interessam muito. Todos os seres vivos, que não o homem, são um escândalo de maravilhamento: fomos modelados e sobrou muita matéria-prima - it - e formaram-se então os bichos. Para que uma tartaruga?  Talvez o título do que estou te escrevendo devesse ser um pouco assim e em forma interrogativa:  ´E as tartarugas?´ Você que me lê diria:  é verdade que há muito tempo não penso em tartarugas." (Clarice Lispector in "Água Viva", Francisco Alves Editora, Rio de Janeiro, 1990, 11a edição)  = = = 

Filarmônica 21 de setembro é fechada?

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A Prefeitura de Petrolina fechou a Filarmônica 21 de Setembro (foto), fundada em 1910? Eu não acreditei quando vi essa informação na página "Viva Vale do São Francisco" no Facebook. Então, como jornalista que sou, liguei para a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, solicitando posicionamento  oficial sobre a desativação de um dos maiores tesouros culturais do Vale do São Francisco. Quando eu tiver esse posicionamento por escrito, publicarei neste blog e na minha página do Facebook. Obs .: Não creditei a foto porque, infelizmente, desconheço a autoria.  

Anotações sobre o fracasso - parte II

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Como prometido, volto à temática do fracasso. Em seu "Da mão para a boca - crônica de um fracasso inicial", Paul Auster conta como conseguiu se tornar escritor. Ele começou com poemas, traduções, textos críticos, resenhas literárias; peças de teatro. Fez até um jogo de baseball; histórias de detetive; roteiros de cinema. No trecho inicial, o escritor revela: "Dos vinte e muitos aos trinta e poucos anos de idade, passei por um longo período em que tudo que eu tocava dava em fracasso . Meu casamento terminou em divórcio, meu trabalho como escritor não levava a nada e eu vivia atormentado por problemas financeiros. Não me refiro a apenas um aperto ocasional, a épocas recorrentes de vacas magras, e sim a uma falta de dinheiro constante, opressora, quase sufocante, que me envenenava a alma e mantinha-me num estado perene de pânico." (Paul Auster in "Da mão para a boca, crônica de um fracasso inicial", Companhia das Letras, 1997)

Anotações sobre o fracasso

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O fracasso me atrai ou  melhor, a temática do fracasso me fascina. Assim, quando leio sobre esse danadinho, costumo marcar as páginas em que aparece nas obras dos meus autores favoritos: Clarice Lispector, Paul Auster e Virginia Woolf. O meu hábito de marcar os livros é recente, acho que foi em 1994, ano em que comecei a escrever o trabalho de conclusão do curso de Jornalismo porque para ganhar tempo, eu fazia anotações nos livros e só depois é que escrevia. A  bússola para redigir o   ensaio "A crônica segundo Clarice Lispector"   foi "A Descoberta do Mundo", uma coletânea que a editora Francisco Alves publicou em 1992... Parece que estou fugindo do assunto, o post de hoje inaugura uma jornada que tratará do fracasso.  Começo com o conto "O homem que apareceu", de Clarice Lispector, que foi retirado de "A via crucis do corpo", editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 3a edição, 1984. Segue trecho: (...) Ele me con

Tom Azevedo

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Ferreira Gullar disse que não escreve mais poesia

O autor de "Poema sujo" e "Traduzir-se", que Fagner transformou numa linda canção, já foi "vítima" de um post desta cronista.  Eu adorei quando ele reclamou do péssimo funcionamento de uma agência do Itaú e Gullar fez essa reclamação numa coluna da Folha de S.Paulo.  É que a gente se esquece que os poetas tem conta bancária... A declaração de que ele não escreve mais poesia está na entrevista publicada na revista Isto É, de 24 de julho de 2013. Confesso que eu gostaria de estar na pele da repórter Eliane Lobato e tê-lo entrevistado. Mas aí, eu pediria ao editor-chefe para estender numa outra edição... Repórter Eliane Eliane Lobato: O sr. tem feito poesia? Ferreira Gullar:  Depois do último livro que publiquei, em 2010, nunca mais escrevi poesia. Repórter: Por quê? Gullar:  Não sei. Poesia não se decide escrever. Eu não vou escrever só porque faz tempo que eu não escrevo. Poesia é movida por espanto, alguma coisa que você não controla