Minha defesa é escrever




"É. Parece que estou mudando de modo de escrever. Mas acontece

que só escrevo o que quero, não sou um profissional - e é preciso

falar dessa nordestina senão sufoco. Ela me acusa e o meio de me

defender é escrever sobre ela. Escrevo em traços vivos e ríspidos 

de pintura. Estarei lidando com fatos como se fossem as 

irremediáveis pedras de que falei. Embora queira que para me 

animar sinos badalem enquanto adivinho a realidade. E que anjos 

esvoacem em vespas transparentes em torno de minha cabeça 

quente porque esta quer enfim se transformar em objeto-coisa, é 

mais fácil."



= Clarice Lispector. A hora da estrela. Francisco Alves Editora, p. 31, 17a. edição.

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