Da mentira verdadeira
Paul Klee: Senecio, 1922: Kunstmuseum |
| Também não sabia no que dá mentir. Comecei a mentir por precaução, e ninguém me avisou do perigo de ser precavida, e depois a mentira nunca mais descolou de mim. E tanto menti que comecei a mentir até a minha própria mentira. E isso - já atordoada eu sentia - era dizer a verdade. Até que decaí tanto que a mentira eu a dizia crua, simples, curta, eu dizia a verdade bruta. |
= Clarice Lispector
== Para não esquecer: Editora Siciliano, 1992,
p. 38