Macabéa, mon amour



Sou irremediavelmente uma apaixonada pela escritora Clarice Lispector e tenho me dedicado a reler a obra que dela possuo.

Uma pessoa muito querida me pediu emprestado o livro "A Hora da Estrela" e antes de entregá-lo, aproveito para relê-lo enquanto essa relíquia não é levada da minha humilde, porém amostrada e invocada biblioteca.

Como é bom reler você, Clarice! Livro após livro,  o espanto seguido do espanto. Livro após livro, a emoção seguida da emoção e isso me faz pintar a minha estrada que se pretende doce e alegre pela maior parte da minha vida.



Quando li "A hora..." em 1991, um presente de Flávio Assaife (in memorian), fiz um "x" delicado nas linhas que mais me tocaram na história da nordestina Macabéa.

Seguem algumas:

= Página 32

 Será mesmo que a ação ultrapassa a palavra?

= Página 33

 Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados.

= Página 45

 O cais imundo dava-lhe saudade do futuro.

= Página 88

Estou absolutamente cansado de literatura: só a mudez me faz companhia. Se ainda escrevo é porque nada tenho a fazer no mundo enquanto espero a morte. A procura da palavra no escuro."

= Página 98

Macabéa ficou um pouco aturdida sem saber se atravessaria e rua pois sua vida já estava mudada. E mudada por palavras - desde Moisés se sabe que a palavra é divina. Até para atravessar a rua ela já era outra pessoa. Uma pessoa grávida de futuro.


In LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Francisco Alves Editora. Rio de Janeiro. 17 ed. 1991.

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