Parece ter sido feito pra se ler em
voz alta, sentada na velha e confortável cadeira de balanço da minha vó Toinha. Leitora, sento-me num divã em que falo sobre a presença ou ausência
do meu pai na minha vida.
A personagem de Clarissa Loureiro, que não tem nome, está exausta depois
de um dia pleno de atividades. Coisa que ela faz todo dia, enche-se de trabalho
e no fim do dia, em vez de dormir, desmaia de tanto cansaço acumulado. A exemplo de Ana, em Amor, conto de Clarice Lispector, a personagem de Clarissa Loureiro
tenta apagar a flama do dia, não para finalizar sua história, mas para preparar
o início de um sonho que vai ter naquela noite.
O que deverá ser revelado não pode
possuir rédeas, acontece no inconsciente da personagem “seduzida pelo som de
sereia que afundou o meu passado no mais profundo inconsciente noturno”. Ego,
Superego e Id empreendem uma batalha que é narrada numa atmosfera onírica que se
inicia em “O relógio do meu pai ecoa e a velha cadeira de balanço começa a
ran…