Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2017

Há pessoas que são Pessoas

Imagem
Há pessoas que não são pessoas.   São pessoas tão pessoas, tão plenas, tão cheias que não cabem em si mesmas. T-r-a-n-s-b-o-r-d-a-m. Não há represa que as contenham.  Elas não chegam. Inundam.  Há pessoas que não são pessoas. São Pessoas.  São acontecimentos. < 13 do oito de 2017 > = = 
Imagem
Living is a red smile | Não havia um gesto sequer que pudesse exprimir nova realidade. E, no meio dessa riqueza, estava Lucrécia Correia despenteada em “robe de chambre”, sem conseguir reinar sobre o tesouro, mal adivinhando até onde ia o magnífico porão. Perdera agora certos cuidados consigo, intensamente feliz, arrastando-se, espiando, tentando inventariar o novo mundo (...) Parecia enfim não ter tempo para nada, como as pessoas. |  = Clarice Lispector n` A Cidade Sitiada , p. 109 = = Drawing by Tom Azevedo: living is a red smile

Milisa

Imagem
| O que eu sinto eu não ajo. O que ajo não penso. O que penso não sinto. Do que sei sou ignorante. O que sinto não ignoro. Não me entendo e ajo como se me entendesse. | = Clarice Lispector n´A Descoberta do Mundo, p. 506 = = Arte on photo by NgC.  

O tecer das horas e o bordar das pétalas

Imagem
                                                                                                                      Juliette Binoche em cena do filme A liberdade é azul , de Krzysztof Kieslowski  A tecedora das horas seria o título de uma crônica que versaria, pra variar, sobre um trecho da obra de Clarice Lispector, minha mais doce obsessão. O título se referiria a um fragmento do livro de CL, Um Sopro de Vida (Pulsações) . O ato de tecer é mencionado quando o narrador diz que a personagem Angela Pralini não se satisfaz em escrever crônica para um jornal. Antes de começar a escrever minha crônica para o blog, deparo-me com um texto de uma quase xará de Clarice, a também escritor...
Imagem
My eyes are my eyes: Tony Tornadoo, 2018 "Ele é grande, tem ombros largos, anda um pouco curvo: isto passa, é o peso da adolescência. Ele é lento, ele é profundo, ele semeia devagar. (...) Ele é desastrado, quebra coisas sem querer, pede desculpas com um meio sorriso assustado. É preciso ter paciência com os que são grandes como ele. Tanta paciência. Porque ele pode vir a ser esse silencioso desastrado a vida toda e não vai passar disso. É um dos tipos de adolescência mais perigosos: aquele em que muito cedo já se é um homem um pouco curvo, e também nele se sente a grandeza sem palavras." = Clarice Lispector: A Descoberta do Mundo, p. 504, Francisco Alves Editora, 3a edição, 1992. = = = 
Imagem
Mãe, obrigada por nunca ter tentado substituir papai, até porque cada um de nós é insubstituível. Na falta dele, a senhora sempre fez o melhor. Viúva, dez filhos pra criar. És muito mais que uma mãe. És uma muralha. Uma muralha de amor. Te amo por tudo o que és, por tudo o que fostes, por tudo o que serás. Te amo de amor!

O Sol é para Todos ou To Kill a Mockingbird: Harper Lee

Imagem
“Essas pessoas certamente têm o direito de pensar assim, e têm todo o direito de ter sua opinião respeitada – considerou Atticus. – Mas antes de ser obrigado a viver com os outros, tenho de conviver comigo mesmo. A única coisa que não se deve curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa”. O trecho acima é do livro O Sol é para Todos , de Harper Lee, norte-americana que fez um retrato cru e, ao mesmo tempo delicado das relações entre negros e brancos nos Estados Unidos. É mais do que um livro sobre tribunais. É também sobre os sabores e dissabores da infância. Como pode ser assustadora essa fase da vida. E maravilhosa.  Nascida no estado do Alabama, Lee foi funcionária de empresas aéreas quando morou em Nova Iorque e teve contribuição fundamental no livro-reportagem A sangue frio ( In cold blood ), de Truman Capote, publicado em 1966.    Nelle Harper Lee preferiu viver afastada dos holofotes da fama e morava reclusa na companhia dos livr...

Sonhos famintos: leitura do conto A Cadeira de Balanço, de Clarissa Loureiro

Imagem
Parece ter sido feito pra se ler em voz alta, sentada na velha e confortável cadeira de balanço da minha vó Toinha. Leitora, sento-me num divã em que falo sobre a presença ou ausência do meu pai na minha vida.  A personagem de Clarissa Loureiro, que não tem nome, está exausta depois de um dia pleno de atividades. Coisa que ela faz todo dia, enche-se de trabalho e no fim do dia, em vez de dormir, desmaia de tanto cansaço acumulado.   A exemplo de Ana, em Amor , conto de Clarice Lispector, a personagem de Clarissa Loureiro tenta apagar a flama do dia, não para finalizar sua história, mas para preparar o início de um sonho que vai ter naquela noite. O que deverá ser revelado não pode possuir rédeas, acontece no inconsciente da personagem “seduzida pelo som de sereia que afundou o meu passado no mais profundo inconsciente noturno”. Ego, Superego e Id empreendem uma batalha que é narrada numa atmosfera onírica que se inicia em “O relógio do meu pai ecoa e a velha cade...

Errare humanum est

Imagem
                                                                                                                                   Photo  by Julia Margaret Cameron Foto de Julia Margaret Cameron, 1872. A modelo: Rachel Gurney. O título: I wait Errar humanum est. Errar   é humano. Não se trata do verbo relacionado às besteiras que cometemos, e sim do errar, do vagar, do flanar, do caminhar. Interessante notar que o errar do dito popular se refira às merdas que fazemos no caminho. Porque a gente só comete erros se tentar. Errou ? Continue. Seja um errante. Tentar , lógico, implica buscar vários caminhos até encontrar o ideal, não necessaria...