As máscaras nossas de cada dia
James Ensor, autor do desenho acima, diria para Clarice: - Todo artista é farto em máscaras! |
Quantas máscaras usamos hoje? Na hora de deixar o filho no colégio?
Ao cumprimentar o porteiro? Dona Maria da padaria? O caixa do banco?
Ao ver os pés do sem-teto que arrumou um teto na escadaria de um centro cultural no centro de Petrolina?
O teto dele? Um lençol puído que deixou à mostra os pés descalços. Solenemente doridos.
Para tudo ou para nada, uma dose de Clarice Lispector:
"Foi para casa como uma foragida do mundo. Era inútil
esconder: a verdade é que não sabia viver. Em casa estava agasalhante, ela se
olhou ao espelho quando estava lavando as mãos e via a persona afivelada no seu rosto: a persona tinha um rosto parado de palhaço. Então lavou o rosto e com
alívio estava de novo de alma nua."
= Em A Descoberta do Mundo, p. 151.