Lima Barreto e Mário de Andrade
O Abaporu (de Tarsila do Amaral) observa e comenta: - Pena que Lima Barreto e Mário de Andrade nunca se encontraram |
Eu tenho que compartilhar essa história! É sobre os brasileiríssimos
escritores Lima Barreto e Mário de Andrade. Quem contou foi Antonio Arnoni
Prado, uma narrativa que ele ouviu de Sérgio Buarque de Holanda e foi mais ou
menos assim:
Sérgio Buarque de Holanda tinha ido ao Rio de Janeiro distribuir
alguns exemplares da revista Klaxon, dos modernistas paulistas. Na livraria
Schettino, ele encontrou nada mais nada menos Lima Barreto – ele estava
dormindo lá, por generosidade de Chico Schettino, o dono.
Lima Barreto então revelou que estava devendo uma visita a
Mário de Andrade, que tinha lido todos os seus livros. Foi assim que Lima
Barreto se referiu a Mário:
... “brasileiro da minha raça e da minha cor, um intelectual
diferente de todos os que conheci até agora nesse meio de literatos e de
bacharéis.”
(...) Ao contrário da má vontade e dos preconceitos dos nossos
sabichões da gramática, ele valoriza o pouco que eu tinha criado, me
incentivando a dizer tudo de uma vez, como se eu mesmo fosse um personagem! E
via tudo de um jeito que eu desejava que as pessoas vissem, o Policarpo
Quaresma confirmando a nossa queda pela improvisação, o Isaías Caminha com um
sinal vivo, tão raro entre nós (dizia ele), da crítica capaz de viver com o
preconceito...”
Lima Barreto e Mário de Andrade nunca se conheceram
pessoalmente porque algumas circunstâncias impediram esse encontro. Três meses
depois da conversa entre Sérgio Buarque de Holanda e Lima Barreto, morria o
autor de “Triste fim de Policarpo Quaresma”.
= Esse episódio foi narrado por Antonio Arnoni Prado no livro
“Cartas a Mário de Andrade”, organizado por Fábio Lucas, editora Nova
Fronteira, 1993.