A última coisa que eu queria era me proteger dos riscos da vida
Fui e sou apaixonada por muitos “Paul”: o ator; o Beatle; e
tem também o escritor, Paul Auster (foto), que faz aniversário hoje, 3 de
fevereiro de 2015.
O que me fascina na obra de Auster é o manejo incomparável
da escrita. Ele parece um maestro. Gosto também da recorrência de certos temas na
sua obra, como as terríveis e adoráveis coincidências que são pregadas por e pelas
nossas vidas.
Admiro o escritor ou a escritora que sempre soube que
queria escrever, como uma missão, ou uma maldição, ou uma sina. Em Da
mão para a boca (Hand to mouth), Auster nos conta como foi difícil se
manter do ofício de escrever, como ele se posiciona tão firmemente em relação
ao caminho que precisou seguir:
“Não vou defender as escolhas que fiz. Se elas não foram
práticas, a verdade é que eu não queria ser prático. Queria viver experiências novas,
conhecer o mundo e me testar, entrar e sair de várias coisas, explorar o máximo
possível. Desde que eu mantivesse os olhos abertos, parecia-me que tudo que acontecesse
comigo seria útil, me ensinaria coisas que eu não conhecia antes. Se isso
parece um método um tanto antiquado, então que seja: jovem escritor despede-se
da família e dos amigos e parte para um rumo desconhecido, a fim de descobrir a
si próprio. Por melhor ou pior que fosse esse caminho, creio que nenhum outro
me teria servido. Eu tinha energia, a cabeça cheia de idéias e pés que não
queria ficar parados no mesmo lugar. Como o mundo era grande, a última coisa
que eu queria era me proteger dos riscos da vida.”
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