Porque os escritores também são operários
Quadro de Tarsila do Amaral |
- Clarice, mon amour, hoje é Dia Mundial do Trabalho, mas eu
prefiro chamar essa data de Dia do Trabalhador. A propósito, você tem algo neste
Primeiro de Maio de 2014? Você quer falar sobre Macabéa?
- “Agora não é confortável: para falar da moça tenho que não
fazer a barba durante dias e adquirir olheiras escuras por dormir pouco, só
cochilar de pura exaustão, sou um trabalhador manual.”
- Considero “A
Hora da Estrela” um tributo seu ao nordeste, à nordestina, à vida que só tira,
só tira, só tira. Por isso, a necessidade que Macabéa tem de pensar num tempo
em que foi feliz, apesar dos cascudos que a tia dela lhe dava.
- “Tinha saudade de
quando era pequena – farofa seca – e pensava que fora feliz. Na verdade por
pior a infância é sempre encantada, que susto. Nunca se queixava de nada, sabia
que as coisas são assim mesmo e – quem organizou a terra dos homens? Na certa
mereceria um dia o céu dos oblíquos onde só entra quem é torto. Aliás não é
entrar no céu, é oblíquo na terra mesmo.”
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