Carta para Virginia Woolf

Petrolina-PE, 25 de janeiro de 2014

Querida Virginia Woolf,

você nasceu há 132 anos numa manhã fria londrina que se tornou quente, muito quente, quentíssima quando você soltou o primeiro grito neste mundo. Você recebeu o nome de Adeline Virginia Stephen, filha de Julia Prinsep Stephen, conhecida por sua incrível beleza e de Sir Leslie Stephen, historiador crítico e editor. Você virou crítica literária aos vinte anos de idade, escrevendo regularmente para o The Times Literary Supplement.

Seu marido, Leonard Woolf, conheceu nas reuniões do Bloomsbury, grupo de vanguarda que reunia escritores e artistas desde 1904 em Londres. Foi com Leonard que você fundou a Hogarth Press em 1917, e publicou autores como Katherine Mansfield, T.S. Eliot, Máximo Górki e veja só, a obra completa de Sigmund Freud.

Você escreveu  A Viagem (1915), Noite e dia (1919), O quarto de Jacob (1922), Mrs. Dalloway (1925), Passeio ao farol (1927) e Orlando (1928). Depois,  As Ondas em 1931 e Flush (1933).
Antes de tirar sua própria vida em 1941, você sofreu colapsos nervosos ao enfrentar a morte da sua mãe, em 1895; depois, no falecimento do seu pai, em 1904 e logo após o casamento com Leonard, em 1912.



Sei também que criou Entre os atos ouvindo as bombas dos alemães caírem durante a II Guerra Mundial. “Esta manhã discutimos o suicídio, se Hitler nos invadir. De que nos vale esperar?”, estava anotado em seu diário  no dia 15 de maio de 1940.

Viu serem destruídas pelos bombardeios alemães a casa em que morou e onde também funcionava a editora, em Mecklenburgh Square; e a casa em Tavistock Square, onde você e Leonard viveram por tantos anos: “Tudo é entulho onde escrevi tantos livros”, ficou registrado no seu diário.

Para mim, você foi uma lutadora sem igual  e esta pequena carta que lhe escrevo é para dizer que leio você desde 1991 e desde então, minha vida fica mais completa. Por isso, feliz aniversário, Virginia!

Com amor,

Nádia Gonzaga.
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