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Mostrando postagens de setembro, 2016

Bárbaro. Do latim, barbarus

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  |   Lancei o meu grito bárbaro sobre os telhados do mundo.  | A  origem onomatopaica da palavra bárbaro “começou por ser uma imitação dos ruídos bizarros  produzidos por uma língua estrangeira incompreensível, mas nada do significado e da motivação  originais permanece no inglês brave , francês brave , alemão brav etc., que, com todas as  possibilidades, derivam da palavra latina; não estará afastado do primitivo o efeito da  < barbarous dissonance > de Milton (* Paradise Lost , Livro VII, v. 32) ou no verso de Walt Whitman:   < I sound my barbaric yawp over the roofs of the world > (* Song of Myself ) ULLMANN, Stephen. Semântica: uma Introdução à Ciência do Significado. Tradução de J. A. Osório Mateus do original SEMANTICS – an Introducction to the Science of Meaning . Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa: 2a edição, 1964, p. 198  = = = 

Só os felizes entenderão - esse capítulo vai para Déa

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- Mãe, preciso reanimar o Buzz Lightyear. - Como assim? - Preciso de chaves de fenda pois ele não funciona mais. - Ah... - Reanimar é a palavra mais científica que eu achei. Fora a palavra “científica”, né?  :)

Da mentira verdadeira

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 Paul Klee: Senecio, 1922: Kunstmuseum | Também não sabia no que dá mentir. Comecei a mentir por precaução, e ninguém me avisou do perigo de ser precavida, e depois a mentira nunca mais descolou de mim. E tanto menti que comecei a mentir até a minha própria mentira. E isso - já atordoada eu sentia - era dizer a verdade. Até que decaí tanto que a mentira eu a dizia crua, simples, curta, eu dizia a verdade bruta. | = Clarice Lispector ==  Para não esquecer: Editora Siciliano, 1992, p. 38
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Gustave Caillebotte: La place de l´Europe en Paris, bajo de la lluvia, 1877: The Art Institute of Chicago | Tanta coisa que então eu não sabia. Nunca tinham me falado, por exemplo, deste sol das três horas. Também não me tinham falado deste ritmo tão seco , desta martelada de poeira. Que doeria, tinham me dito. Mas que o passarinho que vem para minha esperança do horizonte abra asas de águia sobre mim, isso eu não sabia. Não sabia o que é ser sombreada por grandes asas abertas, um bico de águia inclinado rindo. Quando nos álbuns de adolescente eu respondia com orgulho que não acreditava no amor, era então que eu mais amava. | =  Clarice Lispector:  Para não esquecer: Editora Siciliano, 1992, p. 38
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Drawing by Tom Azevedo Alivia a minha alma, faze com que eu sinta que Tua mão está dada à minha, faze com que eu sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na eternidade, faze com que eu sinta que amar não é morrer, que a entrega de si mesmo não significa a morte, faze com que eu sinta uma alegria modesta e diária, faze com que eu não Te indague demais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta. Abençoa-me para que eu viva com alegria o pão que eu como, o sono que durmo, faze com que eu tenha caridade por mim mesma pois senão não poderei sentir que Deus me amou, faze com que eu perca o pudor de desejar que na hora de minha morte haja uma mão humana amada para apertar a minha, amém. Clarice Lispector: Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres.
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Clarice de mau-humor

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"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem,  ou estão vivas com charlatanismo. E criaram o Dia dos Analfabetos.  Só li a manchete, recusei-me a ler o texto do mundo, as manchetes já me  deixam em cólera." Clarice Lispector. A Descoberta do Mundo, trecho de crônica publicada no Jornal do Brasil em 14 de outubro de 1967.