Mistério
talvez seja a palavra que mais define a escritora Clarice Lispector. Veio de um mistério, por isso, neste
dez de dezembro, dia em que ela nasceu, em 1920, ela desejaria aos que ainda estão vivos – vivos não são os que estão
acima das covas – mas os que realmente VIVEM, os que sabem extrair o sumo
sagrado, o sumo mais doce da vida. Pois que só temos uma!
Parambólica Clarice
René Magritte “Vou te dizer uma coisa: não sei pintar nem melhor nem pior do que faço. Eu pinto um “isto”. E escrevo com “isto” – é tudo o que posso. Inquieta. Os litros de sangue que circulam nas veias. Os músculos se contraindo e retraindo. A aura do corpo em prenilúnio. Parambólica – o que quer que queira dizer essa palavra. Parambólica que sou. Não me posso resumir porque não se pode somar uma cadeira e duas maçãs. Eu sou uma cadeira e duas maçãs. E não me somo.” | Clarice Lispector, Água Viva, p. 79 |