Os professores, um pescador de Petrolina e um filósofo alemão
O filho de seu Neirivaldo não será pescador |
O pescador estava
montando a rede num dos bairros mais antigos de Petrolina. A teia
se estendia pendurada em pés de eucalipto que ladeiam um canal.
A cidadã aqui,
essa mesma que escreve essas linhas, achou aquilo tudo bonito. Achou muito
bonito mesmo. Meio tímida, perguntou a ele se poderia tirar algumas fotos do
seu labor. Enquanto o fotografava num celular, pergunta:
- Seu Neirivaldo, há quanto tempo o senhor pesca?
- Pra mais de vinte anos, minha filha, que eu tiro o meu
sustento e o da minha família assim...
- Quantos anos o senhor tem?
- Quarenta e cinco.
- O seu filho vai seguir sua profissão?
- Não, graças a Deus que não, ele tá estudando!
Prossigo esse
relato com um brado de – Viva! aos professores, lembrando que foi num dia
15 de outubro que nasceu - há 171 anos - Friedrich Wilhelm Nietzsche. Além das
palavras do seu Neirivaldo, recorro também à obra do filósofo alemão para
reforçar a importância do professor nas nossas vidas:
“Retribui-se mal a um
mestre, continuando-se sempre aluno. E por que não quereis arrancar louros da
minha coroa?
Vós me venerais; mas e se um dia vossa veneração desmoronar? Guardai-vos de que não vos
esmague uma estátua! (...)
Agora ordeno que me percais e vos encontreis; e somente
quando me tiverdes renegado retornarei a vós...”
|NIETZSCHE, Friedrich. Ecce
homo, p. 20, Companhia das Letras, 1995, tradução de Paulo César de Souza|