“Através de meus
graves erros – que um dia eu talvez possa mencionar sem me vangloriar deles – é
que cheguei a poder amar. Até esta glorificação: eu amo o Nada. A consciência
de minha permanente queda me leva ao amor do Nada. E desta queda é que começo a
fazer a minha vida. Com pedras ruins levando o horror e com horror eu amo. Não
sei o que fazer de mim, já nascida, senão isto: Tu, Deus, que eu amo como quem
cai no nada.”
Clarice Lispector em “Amor a ele”,crônica publicada em 12 de outubro de 1968 no
Jornal do Brasil e presente no livro ´A descoberta do mundo´, p. 146.